Sabia que mais de 3 milhões de portugueses sofrem cronicamente de doenças alérgicas? A razão para o aumento dos casos de alergias pode estar associada à perda do contacto com a natureza e ao aumento da presença de produtos artificiais ingeridos através da alimentação, ou da sua inalação.
A sua Farmácia Grave explica-lhe como pode saber se é alérgico e a quê.
1. O que é a alergia?
A alergia é uma resposta do sistema imunitário a uma substância estranha ao organismo. Esta resposta é desencadeada pelo contacto com determinados elementos (conhecidos como alergénios) que, apesar de serem inofensivos para a maioria dos indivíduos, podem provocar manifestações de alergia.
2. Porque sofro de alergias?
São inúmeras as causas que podem contribuir para o desenvolvimento de reações alérgicas. Destacam-se:
um estilo de vida sedentário (crianças passam 90% do seu tempo dentro de casa), que se traduz num menor contacto com a natureza;
aumento da poluição atmosférica;
aumento do tabagismo;
alterações nos regimes alimentares (determinados ácidos gordos, conservantes e antibióticos diminuem a flora intestinal benéfica);
obesidade.
3. Quais as reações alérgicas mais comuns?
A rinite alérgica (desencadeada por pólens e esporos), a dermatite atópica e as reações derivadas da picada de insetos são algumas das reações alérgicas mais comuns.
4. Como atuar em caso de…
4.1. Rinite alérgica:
Evite a exposição a pólens e tapetes;
Semanalmente, lave a roupa da sua cama;
Viaje com os vidros fechados;
No exterior, use óculos;
Mantenha as portas e janelas fechadas à noite;
Faça inalações diárias de água salgada;
Utilize descongestionantes nasais e antialérgicos (anti-histamínicos);
Se tiver, frequentemente, corrimento nasal, congestão nasal, comichão (prurido) na pele e irritação nos olhos consulte o seu farmacêutico. Caso os sintomas persistam, consulte o seu médico.
4.2. Dermatite de contacto:
Lave a área afetada com água fria ou morna. Seque-a cuidadosamente;
Consulte o seu farmacêutico para lhe aconselhar uma pomada que alivie a comichão;
Evite coçar a zona afetada para não criar infeção;
Coloque uma compressa na área afetada para diminuir a fricção;
Opte por roupa larga e de algodão.
4.3. Picada de inseto:
Aplique gelo ou compressas de água fria, nas 6 horas seguintes à picada para reduzir a inflamação, o inchaço (edema) e o prurido;
Evite a exposição solar prolongada às zonas afetadas;
Tome banho com água fria/morna, durante 10-20 minutos. Após o banho, aplique um creme hidratante;
Se a lesão for apenas num local, aplique um anti-histamínico tópico. Caso se estenda por vários locais do corpo, opte por um anti-histamínico oral.
Em todas as situações, podem ser administrados anti-histamínicos, para o controlo dos sintomas de alergia. Se existirem queixas de asma, podem ser associados broncodilatadores. Existem também medicamentos anti-inflamatórios (por via oral ou inalatória), como os corticosteroides, que combatem a inflamação alérgica e evitam o aparecimento dos sintomas.
Recentemente, surgiram as vacinas antialérgicas (administradas de injeção por via subcutânea), como um tratamento específico dirigido a determinado alergénio. Apresentam uma grande eficácia, desde que instituídas corretamente e sob vigilância estrita de médico especialista em Imunoalergologia.
5. Como posso saber se sou alérgico?
As alergias expressam-se de forma muito variável, por vezes de forma atípica, e mudam ao longo do tempo. Prestar atenção aos sinais, ser capaz de as identificar e conseguir tratá-las é o caminho para manter a qualidade de vida.
1º Sinal
As suspeitas começam na família. É comum a pessoa com alergia ter familiares com alergias.
2º Sinal
É a marcha alérgica, que geralmente aparece pela seguinte ordem:
eczema
surge nos primeiros anos de vida, sobretudo no pescoço, cotovelos e joelhos;
alergias alimentares
manifestam-se através de atraso no desenvolvimento físico, sintomas gastrointestinais e/ou reações cutâneas, como dermatite e urticária.
Os alimentos mais comuns de causar alergias são: leite de vaca, ovo, soja, trigo, morango, laranja, pêssego e frutos secos;
alergias sazonais
caracterizam-se por manifestações nas mucosas nasal e ocular, como episódios inflamatórios do nariz (rinite) ou do olho (conjuntivite);
asma
caracteriza-se por crises de dificuldade respiratória.
Em todos os casos, é essencial fazer-se um diagnóstico precoce para se recorrer às ferramentas certas. A ferramenta mais comum e simples é a deteção no sangue de níveis elevados de eosinófilos, que se traduz no doseamento de proteínas IgE específicas para os alergénios suspeitos. Para tal, recorrem-se a testes cutâneos de alergia. Nestes testes são introduzidos na pele, através de uma micropicada, os alergénios suspeitos. Quando o resultado é positivo, surge uma erupção cutânea à substância testada.
6. Porque ocorrem as intolerâncias alimentares?
As intolerâncias alimentares ocorrem quando o organismo não consegue processar o alimento em questão devido à ausência ou menor quantidade de enzimas digestivas no corpo.
6.1. Quais os sintomas mais comuns?
Alterações intestinais;
inchaço abdominal;
dor de cabeça;
e, em alguns casos, manchas na pele.
6.2. Qual a intolerância alimentar mais comum?
A intolerância mais comum é à lactose, um açúcar presente no leite. O organismo digere este açúcar graças à lactase. No entanto, quando existe uma deficiente atividade (ou ausência) desta enzima, o indivíduo não consegue processar os alimentos e podem surgir alguns dos sintomas acima referidos.
6.3. Como posso prevenir uma intolerância alimentar?
É importante que identifique o alimento responsável pela intolerância. A melhor forma de o identificar é escrever um diário alimentar, onde regista o que consumiu durante o dia, em que horário, qual a quantidade e se houve algum sintoma depois daquela refeição.
Dra. Rita Mestre (Farmacêutica)
Dra. Ana Beatriz Madeira (Nutricionista)